terça-feira, 15 de novembro de 2016

A NOIVA DO DRÁCULA - CAPÍTULO 24

A Noiva do Drácula


CAPÍTULO 24:


Luana termina de se arrumar com rapidez. Havia dormido muito e, por isso, tinha acordado uma hora atrasada. O ocorrido da noite anterior ainda estava em sua cabeça e não a deixava em paz. Não havia um momento em que não pensasse em David e no que ele tinha dito. Suas palavras, de alguma forma, a machucaram por dentro. Tudo agora parecia ainda mais difícil que antes, e só tendia a piorar. Tinha chorado até pegar no sono. Na verdade, não entendia o por que de ter chorado tanto. Seus sentimentos estavam muito confusos, e isso só trazia mais desânimo.
Logo após dar um beijo de despedida em sua madrinha, Luana parte me direção ao trabalho. Demorou um pouco para entrar no recinto de trabalho, pois precisava de um minuto para pensar. Afinal, naquela sala estavam David e Nina. E mesmo após um minuto de meditação e oração em silêncio, sabia muito bem que não conseguiria tranquilidade naquele dia. Com um profundo suspiro, Luana entra no recinto rapidamente chegando até sua mesa. Depois de ligar o computador e começar a trabalhar não se demoram cinco minutos para Jessica ir até sua mesa.  
– Luana.
Luana para de fazer suas atividades no computador e olha para Jessica, que está debruçada em sua mesa com um olhar preocupado. Seu coração não deixou de bater acelerado, pois Jessica e Fred haviam testemunhado toda aquela confusão entre ela, David e Nina na praia. A questão é que não conseguia fingir que as coisas não estavam boas.
– Jessica.
– O que houve com você, Luana? Entrou sem falar com ninguém.
Luana suspira profundamente e encara a amiga que está encostada em sua mesa.
– Desculpe, Jessica. – Luana diz dando um pequeno sorriso. – Só estou com a cabeça cheia, só isso. Mas, e você. Como está?
Jessica sorri amigavelmente. Pelo visto, as coisas já não estavam tão ruins com ela.
– Estou bem. Fred também. Só não posso dizer a mesma coisa de Nina.
– Ah, sim...
Luana desvia o olhar. Sentia falta de Nina. Por mais que sua briga com ela ainda a deixasse com um misto de tristeza e raiva, ainda queria aquela amizade de volta.
Ela torna a olhar para Jessica, que a analisa.
– Sinto muito, Jessica. Realmente, não queria que as coisas terminassem desse jeito.
Jessica dá um sorriso amarelo.
– Não se preocupe. Tudo vai ficar bem, acredite.
Por mais que Jessica dissesse aquilo, sabia que ainda seria o começo de muita coisa desabando em sua cabeça. Ainda que se sentisse feliz por ter um noivo tão perfeito, em  todos os sentidos, sentia  seu coração sendo esmagado pouco a pouco.
– Prefiro acreditar que sim. – Fala depois de um tempo. – Mas, como ela está?
– Está melhor. Acredite, Luana. Essa raiva dela vai passar.
Luana suspira pesadamente.
– Quem sabe.
– Por que não me disse? – Jessica pergunta depois de uma pausa.
Luana fica sem entender.
– O que?
– Que estava tendo um caso com David.
Luana a encara completamente boquiaberta. O tom de voz de Jessica havia passado de consolador e compreensivo para acusador. Ela e Nina acreditavam com veemência que Luana estava tendo um caso com David. O que era uma completa mentira, apesar dos beijos que trocara com ele no hall dos banheiros da discoteca. Se elas ao menos soubessem o quanto se arrependia daquilo, de ter sido tão fraca.
– Nunca tive nada com David, Jessica, por mais que você não acredite. Aquilo foi apenas um incidente.
– Ou uma tentação, um deslize. – Jessica diz simplesmente.
Luana franze o cenho.
– Do que você está falando?
A expressão de Jessica fica mais branda.
– Luana, por mais que você tente negar, sempre notei que você tinha uma quedinha por David.
Luana a encara muda. Afinal, o que poderia dizer? Aquele comentário, sem dúvida, a pegara de surpresa.   
– Jessica, não era pra você estar em sua mesa?
Ambas olham para Márcio, o chefe, parado no hall de entrada. Jessica rapidamente pula da mesa e se ajeita.
– Desculpa, chefinho. Só vim cumprimentar a Luana.
– Acho que não é preciso. Haverá uma outra hora pra isso. Agora é hora de trabalhar.
Jessica sorri um tanto sem graça e rapidamente volta para sua mesa.
– Só vim até aqui pra dar duas informações pra vocês; uma boa e a outra ruim.
Luana o olha, instigada. Para seu chefe sair de sua sala teria que ser algo bem importante mesmo. Mas, que informações seriam essas?
– Bem, primeiro é que recuperamos a mesa de David que estava quebrada, como podem ver.
Marcio se encosta numa mesa de madeira muito bonita e pomposa que ocupa o lugar da outra mesa de madeira onde David trabalha. A outra mesa havia quebrado? Tinha entrado com ta pressa que nem havia notado. Pelo visto, os outros também não. Mas, afinal, o que tinha acontecido? Onde estava David?
– Sei que não é uma grande notícia que surpreenda a todos, mas é pra mim, pelo menos. David veio hoje mais cedo na empresa e apareceu com esta mesa linda. – ele passa a mão no móvel lustroso, apreciando cada detalhe. – Não sei onde ele conseguiu, mas é mesmo muito linda.
– E a notícia ruim? – Nina fala impaciente.
– Ah, sim. A notícia ruim é que ele não vai mais trabalhar aqui.
O que?
Luana o encara, pasma. O que ele queria dizer com aquilo?
 – Como assim, ele não vai mais trabalhar aqui? – Nina pergunta. Era palpável o desespero em sua voz.
– Ele disse que não vai mais poder trabalhar. Surgiram imprevistos. Eu também não entendi. – Marcio responde, e depois caminha na direção de Luana. – Luana, venha até minha sala, por favor.
– Sim. – Luana responde sem ainda entender e o segue, sendo acompanhada pelos olhares curiosos dos amigos.
Marcio abre a porta do escritório para Luana passar. Ela entra e o espera sentar.
– Não quer sentar?
Ela faz um gesto negativo com a cabeça.
– Não, obrigada. Só quero saber o que o senhor quer.
Marcio faz uma pausa e encosta-se em sua cadeira giratória.
– Vou ser breve. Aconteceu algo entre você e David?
Luana engole em seco. Mais um que achava que ela e David tiveram um romance.
– Por que a pergunta?
– Eu não quero saber detalhes da sua vida. E me desculpe se estou parecendo ser intruso. É que David parecia um tanto... – ele pausa tentando encontrar a palavra correta. – perturbado ao falar de você.
Luana muda de um pé para outro, inquieta.
– E o que ele falou de mim?
– Nada demais. Apenas me deu algo para entregar a você. – ele abre uma gaveta, tirando um envelope de dentro. – Não se preocupe, eu não li.
Luana pega a carta um tanto temerosa. O que estaria escrito ali? Dependendo do humor de David, coisa boa não seria.
– Ele disse que não queria que você recebesse essa carta na frente dos outros. Também não entendi. Mas é bem perceptível o carinho que ele sente por você.
Luana deixa de encarar a carta e olha para seu chefe.
– David não vai mais trabalhar aqui?
– Bem, parece que não. Ele parecia bem convicto ao se demitir. Mesmo assim, darei os benefícios a ele. Foi um bom funcionário enquanto esteve trabalhando aqui. Luana?
Luana percebe que Márcio a está chamando e rapidamente sai de seu transe. Não estava mais conseguindo manter a mente no lugar. Tudo parecia tão sufocante.
– Me desculpe. – Luana consegue rapidamente se recompor. – Vou voltar ao trabalho.
Ele a olha com certa desconfiança.
– Você está bem?
Luana assente.
– Sim, claro. Tenho que voltar. Obrigada por ter me contado.
– Tudo bem. Pode ir.
Luana sai rapidamente daquele escritório e para no corredor vazio, com a respiração pesada. Ela olha para a carta em suas mãos. Por que David tinha se demitido? E o que estaria naquela carta? No fundo, ela sabia que sua questão com David ainda não estaria resolvida. Aquela carta provava tudo, e já estava temerosa pelo que havia de vir.

* * *


– Luana. – Alguém a chama.
Depois de tantas horas de trabalho cansativo, Luana já não estava agüentando a ansiedade de descobrir o que estava escrito naquela carta que David tinha escrito, então foi com pressa a caminho do banheiro feminino. Mas agora alguém a impedia de seguir adiante: Nina. O que ela queria agora?
– Nina? – Luana fala surpresa. – O que você quer?
– Quero falar com você.
Luana a olha confusa.
– Mas... Tem que ser agora?
Luana estava agoniada. Queria muito saber o que David tinha escrito naquela carta, mesmo já temendo o que seria. Porém, aquela era a primeira vez que Nina estava falando com ela depois da briga que tiveram. Apesar de sua ansiedade, iria ouvi-la.
Nina se ajeita desconfortável, abrindo espaço para Luana.
– Tudo bem. Posso esperar, então.
 – Não, tudo bem. Não estou com tanta pressa assim. – mente.
Nina respira pausadamente e a encara.
– Bem, então serei breve. Jessica me disse que você parecia um pouco abalada pelo fim de nossa amizade. E, vou confessar, também fiquei.
Luana olha para ela. Era bom saber que Nina sentia o mesmo. Parecia a mesma Nina de sempre, e não a de um dia atrás.
– Mas estamos apaixonadas pela mesma pessoa, e sei que isso não vai dar certo. Você terá que escolher, Luana. Quer voltar a ser minha amiga, ou quer continuar sendo minha rival?
Luana a encara, completamente chocada, sem saber o que dizer.
Mas, o que?



* * * 


Olá, Luana. Sou eu, David.

Você já deve saber pelo chefe que não trabalharei mais na empresa, e os motivos você já deve saber.

Claro que vai ser horrível ter que passar as mesmas horas que passávamos juntos longe agora.

Mas, de qualquer maneira, não estaremos tão longe assim. E não me refiro ao fato de você ser noiva do meu tio, mas porque vou atrás de você, Luana. Onde quer que você esteja eu estarei. E isso é uma promessa.

Não fique achando que vou te entregar de bandeja para ele, pois está redondamente enganada.

Você é minha, Luana. Desde o momento em que te conheci.

Se lembra dos caras que terminaram com você sem razão alguma? Pois agora lhe digo: eu sou a razão deles terem terminado com você.

E, assim como os tirei de você, farei a mesma coisa com Alan.

Entenda, Luana. Estou longe, mas, ao mesmo tempo, estou muito mais perto do que você imagina.

Seu para sempre, David.


Com os olhos marejados, Luana leva à mão a boca, chocada com o conteúdo daquela carta. Havia algo ali que a perturbava mais que o fato de David insistir em ficar atrás dela. Mas o que seria? David não a deixaria em paz. Ele nunca ficaria longe. Nem agora, nem nunca.





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